A segurança física de instalações é uma das preocupações mais importantes das organizações públicas ou privadas em todo o mundo. Afinal, proteger as pessoas e os bens é essencial para o sucesso de qualquer atividade. Neste contexto, é recomendável seguir os Princípios de Segurança Física para que as medidas de proteção sejam eficazes e eficientes.
Esses princípios são diretrizes fundamentais que orientam o desenvolvimento, a implementação e a manutenção das medidas e controles de segurança. Eles têm sido aprimorados ao longo de décadas de experiência e são essenciais para garantir a integridade física de pessoas e instalações.
Neste artigo, vou explorar 14 Princípios de Segurança Física de Instalações que são recomendados e observados por grande parte dos gestores de segurança física, continue lendo para descobrir como proteger seus ativos de forma eficaz e confiável.
Por José Sergio Marcondes – Postado 18/09/2015 atualizado 17/04/2023
O que são Princípios de Segurança Física?
Princípios são as diretrizes fundamentais que orientam uma determinada área de conhecimento, atividade ou sistema. Eles são a base para a definição de políticas, estratégias e práticas que visam garantir a efetividade e a coerência de uma determinada atividade ou sistema.
Na segurança física de instalações, por exemplo, os princípios são as diretrizes que norteiam as estratégias, técnicas e procedimentos utilizados para garantir a segurança física das instalações e das pessoas que trabalham ou frequentam esses locais. Esses princípios são baseados em anos de pesquisa, experiência e melhores práticas, e são amplamente aceitos e seguidos por profissionais da área de segurança física.
Os 14 Princípios de Segurança Física
Para grande parte dos autores, que tratam da segurança física, os conceitos da segurança são grandemente calcados no princípio feudal utilizado nos castelos europeus medievais, os quais tinham barreiras sucessivas de proteção em torno do seu ponto mais valioso, a torre principal. De onde se delinearam os 14 Princípios de Segurança Física:
1° – Um sistema de segurança compreende um conjunto de medidas que se
sobrepõem
Qualquer subsistema de segurança examinado isoladamente será considerado falho. Não há uma segurança perfeita. O agressor sempre poderá encontrar uma falha, seja ela causada por negligência, esquecimento, hábito, vício ou circunstâncias. Se outras medidas de segurança estiverem ativas e sobrepondo-se à primeira, haverá menor possibilidade de sucesso do agressor.
Deve se considerar a Teoria da Defensa em Profundidade que defende a aplicação de diversivas camadas de segurança em torno do ativo a ser protegido. Visa dificultar e atrasar o ataque, garantindo assim, que o sistema de defesa tenha um intervalo maior de tempo para detectar o atacante e tomar as providências necessárias para bloquear a intensão e realizar sua detenção.
2° – A importância de um sistema de segurança é função das ameaças que pesam sobre o que ele protege
Ao se planejar um sistema de segurança deve-se considerar o valor do que ele se propõe a proteger. Um custoso sistema de segurança protegendo algo de valor (material ou simbólico) bem menor não tem sentido prático.
Deve se buscar identificar os ativos e áreas críticas da organização, a fim de se realizar uma avaliação de riscos adequada, a qual de buscar disponibilizar a medida de segurança adequada a importância e necessidade de segurança do ativo a ser protegido.
3° – A fraqueza de um sistema de segurança mede-se por seu ponto mais fraco
Sempre haverá pontos mais fracos em um sistema defensivo, e eles devem definir o sistema como um todo. Sendo assim, ao se planejar um sistema de segurança ou examinar um já existente, os seus pontos mais fracos devem ser levantados e deverão receber a maior parte da atenção do planejador. Um modo de identificá-los consiste em tomarmos o lugar do agressor e imaginarmos como ele agiria.
Identificando os pontos mais fracos, podemos então criar outras medidas de segurança que se sobreponham à primeira, de forma a suprir eventuais falhas. A chance de ocorrer falhas em um procedimento único é grande, já a chance de falhas em três ou mais procedimentos sucessivos é consideravelmente menos provável.
A Teoria dos Círculos Concêntrico defende que um número mínimo absoluto de três barreiras de proteção deve existir entre o mundo exterior e qualquer tipo de ativo de alto valor; sendo desejável cinco ou mais camadas.
4° – Um sistema de segurança deve reduzir ao máximo a demora de intervenção da defesa e retardar ao máximo a possibilidade de agressão
Segundo os autores, “…quanto mais rápida for a intervenção quando de uma agressão, mais fácil será controlá-la e reduzir seu dano…”. A chave da defesa reside na rapidez da reação do serviço de segurança interna da organização quando de uma agressão.
Seguindo a ideia medieval de barreiras sucessivas para proteção, os sistemas de segurança devem buscar o retardo da ação do agressor, para que aumentem as possibilidades de ser barrado antes de chegar ao seu objetivo, o torreão central.
A organização deve dispor de uma equipe de pronta resposta treinada e equipada de forma adequada, que deve ser capaz de intervir e responder uma agressão no tempo e intensidade necessária. Nesse sentido, o acesso do criminoso ao ativo a ser protegido, deve ser dificultado na altura da ameaça existente, e a probabilidade de se identificar e responder a tentativa criminosa, em sua fase inicial, deve ser proporcional a agressão potencial.
5° – O acesso às informações sigilosas é limitado unicamente às pessoas que têm necessidade de conhecê-las em razão de suas funções
Esse princípio, também conhecido como “necessidade de conhecer”, estabelece que devemos restringir ao máximo o número de pessoas que têm acesso às informações restritas. Como exemplificam diversos autores, podemos guardar um bem precioso em um cofre, mas precisamos saber quem tem acesso ao cofre, sua chave e seu segredo, e o número dessas pessoas deve ser limitado ao máximo.
A “necessidade de conhecer” deve ser relativa a necessidade funcional da pessoa e não a seu cargo. Deve se considerar a segregação de funções – princípio básico de controle interno essencial para segurança. Consiste na separação/divisão de atribuições, responsabilidades e informações entre diferentes pessoas, especialmente as funções ou atividades-chave e críticas.
6° – As pessoas vulneráveis não devem ter acesso às informações sigilosas
Por pessoas vulneráveis os autores definem alcoólatras, jogadores, gabolas (aqueles que exaltam a si mesmos), mexeriqueiros, conquistadores ou viciados. Há também aqueles cuja vulnerabilidade vem de circunstâncias tais como ciúmes, dificuldades familiares ou financeiras, má adaptação ao meio social etc.
Pessoas que se enquadrem nos casos citados não devem ter acesso a conhecimentos relativos à segurança. Grande parte das fraudes ocupacionais advém desses tipos de pessoas.
Esse princípio, que complementa o anterior, estabelece que mesmo as pessoas que têm necessidade de conhecer aspectos sigilosos pela função que exercem devem ser analisadas pelo pessoal de segurança e, caso se enquadrem nos casos citados, isso representará uma vulnerabilidade no sistema de segurança como um todo e que pode eventualmente vir a torna-lo muito fraco (3º princípio).
Deverão ser tomadas medidas adicionais de segurança em torno dessa pessoa para diminuir essa vulnerabilidade (1º princípio). Cabe ressaltar que esse princípio deve permanecer sempre dentro dos limites da ética e da legalidade, como será visto mais adiante (13º princípio).
7° – Os riscos devem ser agrupados e segredos divididos
Ainda lembrando os castelos medievais, agrupar-se os riscos permite uma segurança única como a que se fazia que em torno do torreão. Porém, da mesma forma que o senhor feudal guardava parte de seu tesouro escondido fora do castelo para evitar um desastre total no caso da chegada do agressor ao torreão, aquilo que pretendemos proteger deve ser fracionado, sendo decompostos em partes que, por si só, não tenham significado, e cada parte protegida por diferentes medidas de segurança.
Dessa forma, caso um agressor tenha sucesso em quebrar sucessivas barreiras e tenha acesso ao que queremos proteger, terá acesso somente a parte do segredo. Para consegui-lo completo terá que quebrar outra sequência de barreiras de segurança, o que diminui suas chances de sucesso.
Dentro do possível o bem protegido deve ser fracionado em partes e depositado, guardado em locais diferentes, com medidas de segurança independes.
8° – Trancados ou não, os bens a serem protegidos devem estar sempre colocados sob uma responsabilidade bem definida
A melhor pessoa para proteger um bem é seu proprietário. Na falta de uma propriedade individual, deve haver uma responsabilidade individual pelo bem claramente definida perante a coletividade. Este princípio, juntamente com o 11º e 14º, remete ao gerenciamento de RH. Pessoas se tornam mais responsáveis quando recebem tarefas importantes e de confiança. O colaborador deve ter em mente que a Segurança é um direito de todos e responsabilidade de cada um.
9° – Tudo que serve para proteger um segredo é secreto
Um segredo deixa de ser segredo quando um potencial agressor toma conhecimento de que há um segredo, sendo atraído apenas por esse conhecimento. Deve-se, portanto, manter segredo de tudo que protege um segredo, de forma que outros não saibam nem mesmo que existe algo sendo protegido.
Esse interessante princípio estabelece que a primeira opção da segurança será sempre não fazê-la de forma ostensiva para que agressores não saibam que algo está sendo protegido, o que significa que a primeira opção do gestor de segurança deve ser sempre atuar na área da segurança da informação, que por natureza é não ostensiva.
A segurança ostensiva, da qual a segurança física é parte, é sempre uma segunda opção. Exceções à regra são os casos em que pela própria natureza da atividade, não há como esconder a existência de algo valioso. Exemplificando, caso um profissional de segurança seja chamado para garantir a proteção de algo esteja sendo criado na empresa, a primeira opção é sempre protegê-lo pelo segredo.
10°- Todo sistema de segurança deve comportar, no mínimo, um elemento de surpresa para o agressor
Esse princípio complementa o 4º princípio. Guardando-se o segredo de parte das defesas, o agressor será surpreendido por fatores desconhecidos e inesperados. As surpresas mais eficientes são aquelas que causam nervosismo, que fazem o agressor hesitar e perder tempo. Por exemplo, pode-se ostentar rondas de vigilantes e cães junto ao perímetro defensivo, como forma de desencorajar possíveis agressores.
Mas pode-se fazer segredo sobre um segundo sistema mais interiorizado de sensores de intrusão, que acionarão sirenes se ultrapassados, que causarão susto e hesitação ao agressor que tenha se planejado para passar apenas por vigilantes e cães.
11°- As medidas de segurança jamais devem atrapalhar a marcha da empresa
Conforme o 1º princípio, não há proteção total. Mas é possível conseguir-se altos graus de proteção com medidas que se sobreponham. Porém, se tais medidas se tornam um entrave para o trabalho das pessoas, estas se sentirão saturadas e haverá a tendência de negligenciar a segurança, o que trará prejuízos à empresa.
As medidas de segurança devem ser viáveis e positivas para a organização, no que se refere ao atingimento de seus objetivos. Não se pode estabelecer medidas de segurança que impeçam ou prejudiquem o andamento da organização a ponto de prejudicar seu funcionamento normal e produtivo. Os controles estabelecidos pela segurança devem ser firmes e precisos, porém devem ser funcionais e viáveis para organização.
12°- A segurança deve ser compreendida, admitida e aprovada por todos
Ao contrário do senso geral, a segurança não é encargo apenas de especialistas. Para ser eficaz, deve contar com a cooperação de todos, pois é função do empenho e discrição de cada um individualmente e interage com o trabalho cotidiano.
Esse princípio estabelece a importância de o profissional de segurança dominar as técnicas de marketing e atuar agressivamente em endomarketing. As medidas de segurança devem ser concebidas e planejadas de forma a obter o envolvimento das partes interessadas.
Cabe ao gestor da segurança convencer a todos da organização que a participação deles no sistema de segurança adotada é fundamental e decisivo para seu funcionamento. As pessoas da organização devem se sentir parte do sistema de segurança, dessa forma irão colaborar de formar espontânea para o seu sucesso.
13°- A defesa deve ser sempre moral
A proteção só se justifica se for implementada respeitando-se a liberdade e dignidade da pessoa humana. Esse princípio envolve todos os outros. Não há segurança se ela não for legal. Os prejuízos a médio e longo prazos causados por ações ilegais ou amorais sobrepujam em muito os ganhos de curto prazo que tais medidas podem trazer.
Esse princípio nos remete também ao assunto “Ética Profissional”, conjunto de regras de conduta pelo qual os indivíduos que exercem uma profissão regulam sua conduta entre eles e com todas as outras pessoas com as quais se relacionam. A organização deve adotar medidas de segurança que estejam dentro dos limites legais, morais e éticos.
14°- A segurança exige um entendimento harmonioso no interior da empresa
Esse é o terceiro princípio que remete à RH. Empresas com empregados descontentes são alvo fácil para aliciamento por parte de agressores. Um empregado descontente constitui um perigo em potencial para a segurança da empresa, e o profissional de segurança deve estar atento a isso.
Grande parte dos riscos ao qual uma organização está exposta advêm direta ou indiretamente do seu quadro de colaborardes, muitos furtos, fraudes, espionagem e sabotagem nas organizações, são praticados por seus próprios empregados. Ciente disso, a organização deve estabelecer Políticas de Recursos Humanos modernas e abrangentes, que atendam as aspirações de seus colaboradores, voltadas na parceria, reconhecimento profissional e qualificação constante.
Conclusão dos Princípios de Segurança Física de Instalações
Os 14 princípios da segurança física de instalações são fundamentais para garantir a proteção de pessoas, bens e informações em ambientes físicos. Ao aplicar esses princípios de forma eficaz, é possível garantir a integridade física das instalações e das pessoas que as utilizam, reduzindo os riscos de incidentes e prejuízos para organizações.
Se você deseja saber mais sobre este assunto confira o meu outro artigo sobre a Definição e Estratégias de Segurança Física de Instalações. Lá, você encontrará informações valiosas sobre como desenvolver uma estratégia de segurança eficaz para sua organização. Não deixe de conferir e se preparar ainda mais para proteger suas instalações!
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José Sérgio Marcondes – CES
Especialista em Segurança Empresarial
Consultor em Segurança Privada
Diretor do IBRASEP
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Sugiro a leitura dos artigos a seguir como forma de complementar o aprendizado desse artigo.
Dados para Citação Artigo
MARCONDES, José Sérgio (23 de março de 2023). . Disponível em Blog Gestão de Segurança Privada: – Acessado em (inserir data do acesso).
15. Referencias Bibliográficas
Peixito, Wilmar Antonio Cerca e Moura, Hélio – Segurança Física e Eletrônica -Bibliografia Técnica para Certificação de Especialista em Segurança – Sicurezza Editora e Distribuidora Ltda – 2ª Edição: 2007
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4 Comentários
Olá Leonardo Oliveira !
Obrigado pelo seu comentário. Fico muito feliz em saber que gostou do blog. Sim tenho um canal, no youtube ” @IBRASEP_OFICIAL
Forte abraço e sucesso!” “
Estou amando seus artigos. Parabéns! Estou cursando Segurança do trabalho e ligo após pretendo fazer Segurança privada; e seu blog me ajudou a interessar por essa área. Vocês tem canal no YouTube?
Olá Ederval Vieira!
Obrigado pelo seu comentário.
Forte abraço e sucesso.
Excelente trabalho, certamente irá contribuir e muito para avanços e aperfeiçoamentos nessa área.