A Prevenção do Crime Pela Eliminação da Oportunidade refere-se a uma tese que defende a utilização de medidas preventivas e de pronta resposta da segurança, de forma ordenada e organizada, seguindo os princípios da dissuasão, dificultação, detecção e Pronta Resposta como forma de reduzir oportunidade do criminoso agir.
A oportunidade está ligada as circunstâncias e condições que o criminoso identifica no local para agir dentro de sua zona de conforto, e que permitem que um crime ocorra.
Todo crime tem seu próprio conjunto de oportunidades, mas duas condições geralmente estão presentes, em todos os casos: a possibilidade de acesso ao (s) ativo (s); e a probabilidade aparente de que o crime pode ser cometido com sucesso, com risco mínimo para o autor.
Por José Sérgio Marcondes
Índice do Conteúdo
2. Componentes do Crime
3. Intervenção na Oportunidade do Crime
4. Metodologia DDDPR
5. Conclusão
6. Dados para citação em trabalhos
7. Referencias Bibliográfcias
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1. Definição de Prevenção do Crime
A palavra prevenção faz referência à ação e ao efeito de prevenir. Que, por conseguinte, permite designar a preparação de algo com antecedência para um determinado fim.
O conceito de prevenção do crime, dentro do contexto desse artigo, se relaciona com a preparação de medidas defensivas para antecipar e minimizar potenciais danos, proveniente de uma ação criminosa.
O objectivo da prevenção do crime é o de reduzir ao máximo possível o risco de uma ocorrência criminosa, e de minimizar ao máximo os danos, nos caso em que não foi possível deter o ato criminoso.
Inclui, por consequência, um sistema organizativo de medidas de segurança preventiva.
Quem já fez algum tipo de curso relacionado a prevenção e combate a incêndio com certeza já ouviu falar do triângulo do fogo.
Onde aprendemos que, para que um fogo se manter são necessários três elementos (calor, combustível e oxigênio), e que a remoção de qualquer um deles resulta na extinção do fogo.
A exemplo do fogo, com base na Teoria do Triângulo do Crime, podemos supor que o crime requer três componentes para ocorrer. Estes componentes são a predisposição do autor, a existência do ativo e a oportunidade adequada.
Como no fogo, a remoção de um ou mais componentes desse triângulo impedirá que o crime ocorra.
Compreender esses três componentes e seu papel na prevenção do crime é essencial para quem trabalha na área da Segurança Privada e de Segurança Pública.
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2. Componentes do Crime
Tendo como referencia a Teoria do Triangulo do Crime, podemos supor que para ocorrência de um crime é necessário a presença da predisposição do autor, a existência do ativo e a oportunidade adequada.
2.1 Predisposição do Autor
A predisposição do autor está ligado diretamente a motivação de um indivíduo para cometer um crime.
Se caracteriza pelo desejo de se obter um bem ou de fazer algo contra alguém ou alguma coisa, de forma criminosa, que lhe traga vantagens ou satisfação/prazer.
A motivação se baseia nas necessidades e desejos dos indivíduos, sentidos consciente ou inconscientemente, que se tornam fatores motivadores ao acometimento do crime.
2.1.1 Fatores motivacionais que influenciam no cometimento de um crime:
- Necessidades fisiológicas (água, ar, alimento, sexo, sono e abrigo);
- Necessidade de autoestima, status, afiliação com outras pessoas, afeto, realização e autoafirmação;
- Necessidades financeiras causadas por descontrole e ganancia financeira;
- Dívidas geradas por jogos de azar ou consumo de drogas;
- Desejo de vingança;
- Sentimento de ciúmes, inveja, injustiça, rejeição, raiva e etc;
- Desvio de conduta: caracterizado por padrões persistentes de conduta socialmente inadequada, com violação de normas sociais ou direitos individuais. desvio de caráter, indivíduos propensos
2.1.2 Possibilidade de interferência para prevenção do crime na motivação do autor
A motivação para o ato criminoso envolve diversos fatores, os quais muita das vezes, estão fora do poder de ação da organização , o que o torna o componente mais difícil de se retirar do triângulo do crime.
2.2 Ativo
Ativo refere-se a algo a ser ganho com o cometimento do crime, sendo em grande parte o objetivo principal do crime.
Geralmente, os ativos são considerados bens tangíveis, como: pessoas, numerários, bens, valores, equipamentos, insumos, produtos e etc. No entanto, eles podem ser bens intangíveis ou abstratos como: imagem da organização, informações e etc.
2.2.1 Possibilidade de interferência para prevenção do crime no ativo
Embora possa ser teoricamente possível, em alguns casos, remover os ativos para prevenir o crime, geralmente é impraticável ou impossível.
Na maior parte das vezes, determinados ativos são necessários para o funcionamento normal da empresa e seus processos, o que impossibilita sua retirada ou ocultação para prevenção do crime.
2.3 Oportunidade
Este componente refere-se as circunstâncias e condições que permitem que um crime ocorra.
Todo crime tem seu próprio conjunto de oportunidades, mas duas condições geralmente estão presentes, em todos os casos:
- A possibilidade de acesso ao (s) ativo (s); e
- A probabilidade aparente de que o crime pode ser cometido com sucesso, com risco mínimo para o autor.
2.3.1 Possibilidade de interferência para prevenção do crime na oportunidade
A oportunidade é o componente do crime que apresenta mais condições para interferência da segurança.
Essa interferência se traduz na adoção de medidas preventivas de segurança a fim de reduzir as oportunidades de ação do criminoso.
No desenvolvimento do plano de segurança, o gestor de segurança deve buscar identificar e tratar as oportunidades criminais com medidas de segurança adequadas a ameaça identificada.
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3. Intervenção na Oportunidade do Crime
A maioria dos crimes ocorre porque o criminoso encontrou a oportunidade certa para agir. “A predisposição do criminoso e o patrimônio da vítima se unem em um momento e local onde o criminoso acha que pode cometer o crime com sucesso e com o mínimo de risco de interferência ou apreensão”. Ou seja, o criminoso encontrou circunstâncias e condições para estar dentro de sua zona de conforto.
Dento deste contexto, o trabalho do gestor é o de realizar o planejamento da segurança física de forma que ele seja capaz de criar um ambiente que reduza o nível de conforto de criminosos em potencial.
O plano deve focar na oportunidade de ocorrência do crime, ou seja na possibilidade de acesso ao (s) ativo (s) e na probabilidade aparente de que o crime pode ser cometido com sucesso, com risco mínimo para o autor.
Nesse sentido, o acesso do criminoso ao ativo a ser protegido, deve ser dificultado na altura da ameaça existente, e a probabilidade de se identificar e responder a tentativa criminosa, em sua fase inicial, deve ser proporcional a agressão potencial.
A atuação da segurança na oportunidade do crime deve seguir os princípios da metodologia DDDPR., a qual sugere o emprego de medidas de segurança seguinte os objetivos a seguir em ordem cronológica:
- Dissuadir a intenção criminosa;
- Dificultar o acesso não autorizado;
- Detectar violações das medidas de segurança;
- Pronta Resposta as violações de segurança detectadas.
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4. Metodologia DDDPR na Prevenção do Crime
A metodologia DDDPR se apoia na tese de que para prevenção do crime é necessário o emprego de medidas de segurança preventiva que propicie a organização a capacidade de Dissuadir, Dificultar, Detectar e de oferecer Pronta Resposta as eventuais tentativas criminosas.
O sucesso da prevenção do crime com a retirada da oportunidade está diretamente ligado a capacidade da organização de dissuasão, dificultação, detecção e pronta resposta as tentativas de cometimento de atos criminosos.
4.1 Dissuasão na Prevenção do Crime
O objetivo da dissuasão é a criação de um ambiente pouco atraente para os criminosos.
Dissuasão é o ato ou efeito de dissuadir(-se), de mudar ou fazer mudar de opinião; desencorajar, desmotivar etc. Situação na qual o adversário recua devido o temor das consequências negativas dos seus atos para si ou para sua intensão.
Tudo o que aumenta a probabilidade de que as ações de um criminoso sejam percebidas, observadas e relatadas a segurança da organização ou a a polícia se torna uma fator gerador de desmotivação ao ato criminoso.
As medidas de segurança dissuasivas, visam num primeiro momento, desencorajar e inviabilizar a ação criminosa, tendo em vista o risco do autor ser detido e preso.
4.1.1 Medidas de segurança dissuasivas:
- Políticas, normas e procedimentos de segurança;
- Programas de segurança – principalmente aqueles que envolvem a conscientização sobre medidas de segurança individuais;
- Cultura organizacional no que refere a segurança;
- Qualidade, capacitação e valorização da equipe de segurança;
- Barreiras Físicas;
- Iluminação de segurança adequada;
- Sistemas Eletrônicos de Segurança;
- Recursos potencializadores (equipamentos, veículos, uso de cães, blindagem e etc);
- Investigação interna sobre descumprimento de normas/procedimentos, com a devida aplicação de medida disciplinares, quando aplicáveis;
- Investigação de desvio de comportamento e delitos ocorridos e a aplicação das medidas legais cabíveis aos praticantes;
- Etc.
Um programa bem-sucedido de dissuasão torna o criminoso hesitante em cometer seu crime naquele ambiente.
O uso correto das medidas de segurança dissuasivas geram barreiras psicológicas e / ou físicas no caminho do criminoso, o que implica na dificultação da oportunidade fácil de cometer o crime com sucesso.
4.2 Dificultação na Prevenção do Crime
A dificultação refere-se a prática de medidas subsequentes de segurança física em torno do bem protegido, onde, em caso de violação de uma barreira existam outras, de forma que atrasem os invasores por tempo suficiente para permitir a interceptarão da ação pelas forças de pronta resposta da segurança do local, num primeiro momento e das forças policiais da região logo em seguida (Polícia Militar).
A proteção física deverá ser realizada através da aplicação de controles de segurança complementares ativos e passivos. Essa integração de medidas de segurança física também são conhecidas como segurança em profundidade.
Apesar dos melhores esforços, alguns criminosos podem não se deixar abater (desistir) pelas medidas de segurança dissuasivas. Nesses casos, sua próxima linha de defesa é atrasar a conclusão do ataque.
Quanto mais tempo leva um criminoso para concluir um ataque, maior a probabilidade de que ele seja observado e detido.
Barreiras físicas como cercaduras, portas sólidas, boas fechaduras, e outras proteções medidas físicas são dispositivos que atrasam as atividades de um criminoso.
A presença de barreiras físicas subsequentes dificulta a ação e gera atrasos evolução da ação criminosa.
O aumento do atraso geralmente equivale a diminuição da oportunidade na mente criminosa, pois ele teme a chega da força policial, onde sua chegada é uma questão de tempo.
4.3 Detecção na Prevenção do Crime
Mesmo com os melhores planos de segurança, sempre há uma chance de que a tentativa da atividade ocorrerá. Segurança total e risco zero não existem.
O quanto antes se detecta a tentativa da ação criminosa mais aumenta as chances de que o criminoso seja neutralizado e detido no curso da sua ação delinquente.
A detecção precoce pode ser realizada por vários meios.
Os melhores dispositivos de detecção são pessoas alertas e comprometidas com a segurança do local e do bem. Além disso, o mercado de segurança eletrônica atualmente oferece diversos sistemas de vigilância eletrônica, que podem ser empregados para detectar atividade criminosa.
Esses dispositivos incluem sistemas de detecção de presença e violação de barreiras físicas e sistemas de monitoramento por imagens de câmeras de segurança
A presença de pessoas alertas e motivadas na execução de suas atividades, somada a presença de dispositivos eletrônicos de segurança, envia uma mensagem ao criminoso em potencial que suas ações serão detectadas e de que ele poderá ser detido.
Esse risco de detecção reduz o nível de conforto e facilidade do criminoso, como resultado, a oportunidade também é reduzida.
4.4 Pronta Resposta
Uma vez detectado o inicio da tentativa de uma ação criminosa contra a organização, ela deve possuir uma força interna de Pronta Reposta, capaz de interceptar e neutralizar o ataque os mais rápido possível e na medida necessária.
A pronta resposta deve ser composta por uma equipe de segurança treinada, equipada e posicionada de forma estratégica, que possa responder no mais curto espaço de tempo possível um sinal de alarme emitido pela Central de Monitoramento de Sistemas Eletrônicos de Segurança.
Ela deve ser capaz de interceptar a ação criminosa e oferecer resistência a tentativa de acesso ao ativo a ser protegido até a chegada dos reforços da segurança pública.
A capacitação e os recursos da força de pronta resposta devem ser compatíveis a necessidade de segurança do ativo a ser protegido, assim como da ameça potencial identifica.
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5. Conclusão
A metodologia exposta acima poderá ser aplicada em qualquer tipo de organização, requerendo apenas adequações as necessidades especificas de cada uma.
As medidas de segurança preventivas, assim como a de pronta de resposta, deveram ser equacionadas e proporcionais a necessidade de cada organização, com base numa avaliação de riscos e de orçamento disponível.
Crimes contra o patrimônio, como (furto e roubo por exemplo, na realidade, começam muito antes do dia em que são executados. Um criminoso passa a identificar potenciais oportunidades em suas atividades diárias quando começa a pensar no crime. E com certeza fará a escolha por aquele que considerar mais vantajoso e com melhores oportunidades de dar certo.
O criminoso é surpreendentemente adaptável, no entanto, ele pode rapidamente mudar de ideia, no próprio dia da ação criminosa, se perceber que outro alvo está mais acessível.
Dentro desse contexto, quanto menos oportunidades o criminoso observar num local mais seguro ele estará.
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José Sérgio Marcondes
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6. Dados para citação em trabalhos
MARCONDES, José Sérgio (09 de janeiro de 2020). Prevenção do Crime Pela Eliminação da Oportunidade – Método DDDPR. Disponível em Blog Gestão de Segurança Privada: https://gestaodesegurancaprivada.com.br/prevencao-do-crime-pela-eliminacao-da-oportunidade – Acessado em (inserir data do acesso).
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7. Referencias Bibliográficas
Departamento Of The Navy U.S. – Marine Corps Physical Security Program Manual- 2009.
CLARKE, Ronald (ed.). (1997), Situational crime prevention. Albany, NY, Harrow and Heston, Publishers.
NEWMAN, Oscar. (1972), Defensible Space. Nova York, MacMillan.
WILSON, James Q. & HERRENSTEIN, Richard J. (1985), Crime and human nature: the definitive study of the causes of crime. Nova York, Touchstone Book/Simon & Schuster, Inc.
Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito- Gabinete de Segurança Institucional – Das Políticas de Segurança Pública às
Políticas Públicas de Segurança – 2002
Bismael B. Moares – Elementos de prevenção criminal – Editora Futurama
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8 Comentários
Olá Shelby Saulo!
Obrigado pelo seu comentário.
Forte abraço e sucesso.
Muito bacana o material. Está de parabéns.
Olá Carlos Vinicius!
Obrigado pelo elogio!
Ainda não tenho um livro, mas estou trabalhando para lançar em breve.
Para 2021, de dentro os vários projetos em desenvolvimento que pretendo lançar, para atender a pedidos com o seu são:
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Forte abraço e sucesso.
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Olá Júlia!
Obrigado pelo seu comentário.
Forte abraço e sucesso.
excelente. obrigada pela elucidação e ajuda em meu trabalho.
Olá João!
Obrigado pelo eu comentário.
Forte abraço e sucesso>
Marcondes, parabéns pela abordagem, Ampliei minha visão sobre o tema. Achei muito bem colocado e de fácil compreensão. Sucesso e abraços,