Um Plano de Resposta a Incidentes (PRI) é um documento formal e estruturado da organização que descreve as estratégias, ações e procedimentos que uma organização deve seguir em caso de ocorrência de incidentes de segurança de dados. Ele é uma parte essencial da estratégia de segurança da informação de uma empresa, pois ajuda a garantir uma resposta rápida, organizada e eficaz em situações de emergência.

No mundo digital de hoje, a segurança da informação é mais do que uma preocupação — é uma necessidade crítica. Com o aumento exponencial de incidentes de segurança, desde acessos não autorizados até vazamentos de dados e ataques cibernéticos sofisticados, as empresas estão constantemente em alerta para proteger o que é mais valioso: os dados pessoais de seus clientes e parceiros.

Imagine por um momento o caos que poderia surgir se dados sensíveis, como informações financeiras, médicas ou pessoais, fossem comprometidos. A perda de confiança dos clientes, as multas por não conformidade com as regulamentações e o dano à reputação da empresa são apenas algumas das consequências devastadoras que podem resultar de um incidente de segurança.

Neste artigo, abordamos a fundo o universo do Plano de Resposta a Incidentes (PRI), explorando sua definição, objetivos e etapas essenciais para a sua elaboração. Descubra como este plano pode ser o diferencial entre o caos e a resiliência, garantindo a segurança dos seus dados e a conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Por José Sergio Marcondes – Postado 16/04/2024

O que é um Incidente de Segurança?

Um incidente de segurança, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) do Brasil, é qualquer evento que comprometa a segurança ou cause um risco aos dados pessoais que estão sob o controle do controlador ou operador.

Tipos de Incidentes

Os incidentes de segurança podem ocorrer de diversas formas e envolver uma série de situações, tais como:

  1. Acesso Não Autorizado: Quando pessoas não autorizadas conseguem acessar dados pessoais, seja por falhas de segurança, hacking, phishing, ou outras formas de intrusão.
  2. Perda ou Roubo de Dados: Quando há perda física ou digital de dispositivos que contêm dados pessoais, como laptops, smartphones, unidades USB, entre outros.
  3. Vazamento de Dados: Quando informações pessoais são divulgadas de forma não autorizada, seja por erro humano, falha de segurança, ou ataque cibernético.
  4. Alteração Não Autorizada: Quando os dados são modificados sem a devida autorização, podendo comprometer a integridade e veracidade das informações.
  5. Indisponibilidade dos Dados: Quando os dados não estão acessíveis devido a falhas técnicas, ataques de negação de serviço (DDoS), ou outros incidentes que impedem o acesso legítimo.

A rápida identificação e resposta a incidentes de segurança são essenciais para minimizar o impacto sobre os dados pessoais e para cumprir com as obrigações legais previstas na LGPD. Isso se dá pela elaboração e manutenção de um bom Plano de Resposta a Incidente.

O que é um Plano de Resposta a Incidente?

Um Plano de Resposta a Incidentes (PRI), muitas vezes chamado de Plano de Incidente de Segurança da Informação (PISI), é um documento estruturado que descreve as ações e procedimentos que uma organização deve seguir em caso de ocorrência de incidentes de segurança de dados. Este plano é uma parte essencial da estratégia de segurança da informação de uma empresa, pois ajuda a garantir uma resposta rápida, organizada e eficaz em situações de emergência.

O Plano de Respostas a Incidentes (PRI) consiste de um documento interno que deve ser amplamente conhecido por todos os funcionários e colaboradores e que dispõe sobre as medidas que devem ser adotadas no caso de um Incidente de Segurança.

Neste PRI serão estabelecidas funções e responsabilidades individuais e de equipes, bem como, as medidas a serem adotadas para que a organização responda adequadamente a um incidente, sempre prezando pela integridade dos sistemas/processos, proteção de informações e privacidade dos seus titulares, possibilitando manter a confiabilidade dos serviços prestados.

Objetivos do Plano de Resposta a Incidentes

O Plano de Resposta a Incidentes, tem o objetivo geral de orientar a organização a responder às situações de emergência e exceção, de forma documentada, formalizada, ágil e confiável, além de resguardar as evidências que possam auxiliar na prevenção de novos incidentes e no atendimento às exigências legais de comunicação e transparência.

Os principais objetivos do PRI incluem:

  1. Redução de Danos e Impactos:
    • Minimizar o impacto adverso que um incidente de segurança pode ter nos dados pessoais dos titulares, nos sistemas de informação e nas operações da organização.
    • Reduzir a exposição dos dados, evitando que sejam comprometidos, alterados, destruídos ou divulgados de forma não autorizada.
  2. Rápida Identificação e Resposta:
    • Detectar e identificar rapidamente incidentes de segurança assim que ocorrem, garantindo uma resposta imediata e eficiente.
    • Agir proativamente para interromper a continuidade do incidente, mitigando seus efeitos negativos e limitando sua propagação.
  3. Cumprimento das Regulamentações e Normas:
    • Assegurar que a organização esteja em conformidade com as leis e regulamentações aplicáveis, como a LGPD, que exigem a notificação adequada de incidentes de segurança.
    • Garantir que todos os procedimentos de resposta a incidentes estejam alinhados com as diretrizes legais e melhores práticas de segurança da informação.
  4. Proteção da Reputação e Confiança:
    • Preservar a reputação e a confiança dos clientes, parceiros e partes interessadas ao demonstrar uma abordagem proativa e eficaz na proteção dos dados.
    • Minimizar o impacto negativo nas relações comerciais e na imagem da empresa perante o público.
  5. Recuperação Eficiente de Sistemas e Dados:
    • Restaurar a funcionalidade dos sistemas afetados e recuperar os dados comprometidos de maneira rápida e eficiente.
    • Garantir a continuidade das operações críticas da organização, minimizando o tempo de inatividade e os prejuízos financeiros.
  6. Aprendizado e Melhoria Contínua:
    • Analisar e avaliar cada incidente de segurança de dados para identificar pontos fracos nos sistemas, processos ou políticas de segurança.
    • Utilizar as lições aprendidas para aprimorar o Plano de Resposta a Incidentes, fortalecer medidas de proteção e prevenção e aumentar a eficácia geral da segurança da informação.
  7. Responsabilidade e Prestação de Contas:
    • Estabelecer claramente as responsabilidades de cada membro da equipe de resposta a incidentes e de todas as partes envolvidas na gestão e mitigação do incidente.
    • Prestar contas às autoridades reguladoras, titulares dos dados e outras partes interessadas, demonstrando transparência e responsabilidade na resposta ao incidente.

Importância do Plano de Resposta a Incidentes

Um plano de resposta a incidentes é de extrema importância para as organizações por uma série de razões fundamentais, especialmente no contexto da proteção de dados e da conformidade com leis como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil.

A seguir algumas das principais razões pelas quais um plano de resposta a incidentes é crucial:

  1. Minimização de Danos: Um plano de resposta a incidente ajuda a minimizar os danos causados por uma violação de segurança de dados. Ao ter procedimentos claros e bem definidos, a organização pode responder rapidamente para conter o incidente, limitar sua propagação e reduzir o impacto nos dados pessoais dos titulares.
  2. Proteção dos Dados dos Titulares: A resposta rápida e eficaz a um incidente de segurança ajuda a proteger os dados pessoais dos titulares contra acessos não autorizados, vazamentos, perdas ou qualquer outra forma de comprometimento.
  3. Cumprimento Legal: Com a LGPD e outras regulamentações de proteção de dados, as organizações têm a obrigação legal de proteger os dados pessoais dos titulares e notificar as autoridades e os titulares em caso de incidentes de segurança.
  4. Preservação da Reputação e Confiança: Incidentes de segurança de dados podem ter um impacto significativo na reputação e na confiança do público em relação à organização. Uma resposta rápida, transparente e eficaz pode ajudar a minimizar danos à reputação e manter a confiança dos clientes, parceiros e partes interessadas.
  5. Redução de Custos: Lidar com um incidente de segurança de dados pode ser caro para uma organização, envolvendo despesas com investigações forenses, notificações, medidas de mitigação e possíveis multas por não conformidade. Um plano de resposta a incidente pode ajudar a reduzir esses custos ao agir rapidamente para conter e remediar o incidente.

Responsável pela elaboração do Plano de Resposta a Incidentes

O responsável pela elaboração do Plano de Resposta a Incidentes é geralmente o Encarregado de Proteção de Dados (DPO), conforme estabelecido pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil.

O DPO é um profissional designado pela organização para garantir o cumprimento das normas de proteção de dados pessoais e atuar como ponto de contato entre a organização, os titulares dos dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

Funções do DPO em relação ao Plano de Resposta a Incidentes:

  • Coordenar o Desenvolvimento do Plano: O DPO é responsável por liderar a equipe na elaboração do Plano de Resposta a Incidentes, garantindo que o plano esteja em conformidade com as disposições da LGPD e as melhores práticas de segurança da informação.
  • Identificar Requisitos Legais: O DPO deve conhecer e compreender os requisitos legais relacionados à notificação de incidentes de segurança, garantindo que o plano inclua todas as informações exigidas pela LGPD.
  • Definir Papéis e Responsabilidades: Em conjunto com a equipe de resposta a incidentes, o DPO deve estabelecer claramente os papéis e responsabilidades de cada membro da equipe, bem como as etapas a serem seguidas em caso de incidentes.
  • Garantir a Conformidade: O DPO é responsável por assegurar que o plano aborde todas as áreas necessárias para garantir a conformidade com a LGPD, incluindo a notificação adequada à ANPD e aos titulares dos dados afetados.
  • Revisão e Atualização: O DPO deve garantir que o plano seja revisado regularmente para refletir mudanças na legislação, na infraestrutura de TI da organização e nas melhores práticas de segurança.
  • Treinamento e Conscientização: Além da elaboração do plano, o DPO também pode coordenar programas de treinamento e conscientização para os funcionários da organização, garantindo que todos estejam cientes dos procedimentos de resposta a incidentes.
Plano de Resposta a Incidente

Etapas Essenciais para Elaboração de um Plano de Resposta a Incidentes

A confecção de um plano de resposta a incidentes bem estruturado geralmente inclui várias etapas essenciais que orientam a organização na resposta a situações de violação de segurança de dados. A seguir principais etapas para elaboração de um plano de resposta a incidentes:

1. Preparação:

  • Identificação da Equipe de Resposta a Incidentes (IRT): Designar membros da equipe responsáveis por liderar a resposta a incidentes. Isso inclui o Encarregado de Proteção de Dados (DPO), membros da equipe de TI, especialistas em segurança da informação e comunicação, especialistas em segurança física, jurídico, entre outros, dependendo das necessidades da organização.
  • Desenvolvimento do Plano: Criar o documento formal do plano de resposta a incidentes, detalhando todas as etapas, responsabilidades, procedimentos e recursos necessários para lidar com incidentes de segurança.
  • Avaliação de Riscos e Vulnerabilidades: Identificar e avaliar os riscos de segurança de dados que a organização enfrenta, bem como as vulnerabilidades em sistemas, redes, infraestrutura, instalações e processos.
  • Definição de Categorias de Incidentes: Classificar os diferentes tipos de incidentes que podem ocorrer, como violação de dados, malware, acesso não autorizado, entre outros, de acordo com sua gravidade e impacto potencial.
  • Treinamento e Conscientização: Providenciar treinamento regular para funcionários sobre segurança da informação, políticas e procedimentos de resposta a incidentes. Isso ajuda a garantir que todos estejam preparados e familiarizados com o plano.

2. Detecção e Análise:

  • Identificação de Incidentes: Utilizar ferramentas de monitoramento, análise de logs, sistemas de detecção de intrusão, entre outros, para identificar atividades suspeitas ou indicadores de comprometimento.
  • Investigação Inicial: Realizar uma avaliação preliminar do incidente para determinar sua natureza, origem, escopo e impacto potencial nos dados e operações da organização.
  • Notificação Interna: Comunicar imediatamente a equipe de resposta a incidentes e os membros da liderança da organização sobre o incidente identificado.

3. Contenção e Erradicação:

  • Contenção do Incidente: Tomar medidas imediatas para conter o incidente e impedir sua propagação. Isso pode incluir a suspensão de serviços afetados, isolamento de sistemas comprometidos, desconexão de dispositivos, entre outros.
  • Coleta de Evidências: Preservar e coletar evidências relevantes para a investigação forense, garantindo que não haja alterações nos dados ou nos sistemas comprometidos.
  • Remoção de Ameaças: Remover completamente qualquer malware, backdoors, contas comprometidas ou outras ameaças dos sistemas afetados.

4. Investigação e Análise Forense:

  • Análise Detalhada: Realizar uma investigação forense detalhada para determinar as causas raiz do incidente, como o invasor entrou, quais dados foram acessados ou comprometidos, entre outros.
  • Documentação de Resultados: Registrar todas as descobertas da investigação, incluindo ações tomadas, evidências coletadas, métodos de invasão, dados afetados e impacto nos negócios.

5. Notificação e Comunicação:

  • Notificação Externa: Em conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis, notificar as autoridades competentes, como a ANPD, e os titulares dos dados afetados sobre o incidente.
  • Comunicação com as Partes Interessadas: Preparar comunicados de imprensa, avisos públicos, atualizações para clientes e parceiros de negócios, garantindo transparência e informações claras sobre o incidente e as medidas tomadas.

6. Recuperação e Resposta:

  • Restauração de Serviços: Implementar planos de recuperação para restaurar sistemas afetados, serviços e funcionalidades críticas.
  • Revisão de Políticas e Procedimentos: Identificar e corrigir as vulnerabilidades que permitiram o incidente, atualizando políticas de segurança, procedimentos operacionais e controles de acesso.
  • Revisão pós-Incidente: Realizar uma revisão completa do incidente, avaliando o desempenho da equipe de resposta, identificando lições aprendidas e recomendando melhorias para o plano de resposta a incidentes.

7. Documentação e Relatório:

  • Registro Detalhado: Documentar todas as etapas da resposta ao incidente, incluindo cronogramas, ações tomadas, resultados de investigações, comunicações realizadas e medidas de remediação.
  • Relatórios de Conformidade: Preparar relatórios formais de conformidade para autoridades reguladoras, clientes ou outras partes interessadas, conforme exigido pelas leis e regulamentos.

8. Revisão e Melhoria Contínua:

  • Exercícios de Simulação: Realizar exercícios de simulação regulares para testar a eficácia do plano de resposta a incidentes e a preparação da equipe.
  • Atualização do Plano: Revisar e atualizar o plano regularmente com base nas lições aprendidas, mudanças na infraestrutura de TI, novas ameaças e regulamentações.

Estas são as etapas essenciais que ajudam a orientar a organização na resposta a incidentes de segurança de dados de forma organizada, eficiente e em conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis. Um plano de resposta a incidentes bem elaborado é crucial para proteger os dados pessoais dos titulares, minimizar danos, manter a conformidade legal e preservar a reputação da organização.

Modelo de Plano de Resposta a Incidentes para download: Formato Word e PDF

Quero baixar o modelo de PRI

Clicando no link você será redirecionar para nossa página de downloads, onde poderá baixar o “Modelo de Plano de Resposta a Incidentes” nos formatos Word ou PDF. Não é necessário nenhum tipo de cadastro. Quero baixar o modelo de PRI

Conclusão

Ao longo deste artigo, exploramos o universo do Plano de Resposta a Incidentes (PRI) e sua importância para a segurança da informação. Aprendemos que um PRI bem estruturado não é apenas uma formalidade, mas sim a base para proteger nossos dados contra ameaças cibernéticas e garantir conformidade com a LGPD e outras regulamentações.

Desde a definição do que constitui um incidente de segurança até os objetivos essenciais do PRI, passando pelas etapas cruciais para elaboração e implementação, cada ponto destacado reforça a necessidade de estar preparado para o imprevisível no mundo digital.

Por fim, para continuar a sua jornada na segurança da informação, convido você a ler nosso próximo artigo: “Descubra os 10 principais riscos de privacidade que todos precisam conhecer e seus impactos“. Saiba mais sobre como proteger seus dados pessoais e empresariais em um mundo digital em constante evolução.

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José Sergio Marcondes – CES – CPSI – Gestor, Consultor e Diretor do IBRASEP. Especialista em segurança com competências sólidas nas áreas de segurança privada e gestão empresarial. Conecte comigo nas redes sociais.

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Dados para Citação Artigo

MARCONDES, José Sergio (16 de abril de 2024). Plano de Resposta a Incidentes: O que é e Como criar seu plano. Disponível em Blog Gestão de Segurança Privada: https://gestaodesegurancaprivada.com.br/plano-de-resposta-a-incidentes/– Acessado em (inserir data do acesso).

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Sobre o Autor

Autor José Sergio Marcondes

Graduado em Gestão de Segurança Privada, MBA em Gestão Empresarial e Segurança Corporativa. Detentor das Certificações CES (Certificado de Especialista em Segurança Empresarial), CPSI (Certificado Profesional en Seguridad Internacional), CISI (Certificado de Consultor Internacional en Seguridad Integral, Gestión de Riesgos y Prevención de Pérdidas). Mais de 30 anos de experiência na área de segurança privada. Consultor e diretor do IBRASEP, trazendo uma notável expertise em segurança, além de possuir sólidos conhecimentos nas áreas de gestão empresarial.

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